sexta-feira, maio 08, 2009

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O amor, quando se revela, não se sabe revelar. Sabe bem olhar para quem se ama, mas não se lhe sabe falar. Quem quer dizer o que sente não sabe o que há-de dizer. Fala: parece que mente. Cala: parece esquecer. Ah, mas se adivinhasses, se pudesses ouvir o olhar, e se um olhar te bastasse para saber que te estou a amar! Mas quem sente muito, cala; quem quer dizer o quanto sente fica sem alma nem fala, fica só, inteiramente! Mas se isto eu te puder contar, o que não te ouso contar, já não terei que falar-te porque já estarei a falar...
Adaptado de Fernando Pessoa