quinta-feira, julho 23, 2009

88

Se me resta a dúvida, resta-me na folha em que não acabei o poema. Onde me senti outra vez incapaz de te encontrar e de te dizer nos olhos que afinal não me és assim tanto, mas também não o és assim tão pouco.
Resta-me a dúvida quando as notas se libertam, alheias e ao mesmo tempo comprometidas às cordas do violino, e me deixam sem entender se o melhor seria o esquecimento ou o alimentar destas expectativas vazias, às quais nem eu sei se quero, um dia, responder.
Resta-me a dúvida em mim, a dúvida que me faz continuar aqui, a caminhar todos os dias para o mesmo lugar, apesar de saber que esse lugar não me irá levar a lugar nenhum.
Resta-me esta sensação de até podermos ser muito, mas sem saber como o poderemos ser. Afinal, passo o tempo a tentar fechar-te com um grande e absoluto ponto final, mas ao olhar para trás vejo que tudo não passa de reticências..
Como sempre, voltarei ao mesmo sitio. Até que repares o suficiente para fazeres do meu lugar nenhum o lugar certo para me encontrar.

"I wonder if you know
The way you reached my heart
And touched my alien soul"
(Rodrigo Leão)