Irrita-me essa mania que tens em me reduzir, em me condicionar, em me colocares num cantinho sem movimento, bem longe dessa tua vida que nem eu nem tu considera de totalmente feliz... Mas nunca falas disso... Contornamos sempre, com muita arte, as conversas que poderiam levar a essa solene conclusão. Aliás, contornamos todas as conversas que poderiam levar a qualquer coisa de palpável.
Explodimos o que não nos interessa e nem sequer existe, ao mesmo tempo que implodimos dentro nós aquilo que, sem um motivo lógico ou aparente, nos estilhaça o que resta da alma.
Falas de recomeçar a vida todos os dias, de colocar o contador a zeros... Isso parece conversa de quem se quer convencer, mas no fundo sabe que não vai mudar...
Não penso mais em ti por não quereres o que te tenho vindo a pedir. Aliás, lembro-me de ti quando estou aqui sentada, e entro nesse escuro em que vives de forma mais ou menos interrompida, mas sempre com a mesma intensidade com que te imagino.
Talvez o romantismo devaneador e antagónico seja teu e não meu. Talvez o teu racionalismo crónico seja uma forma de te protegeres e não uma forma de ser ou um feitio. Talvez até queiras. Mas talvez tenhas medo... Mas será que existe mais medo que vontade? Eu sei que não sou coerente, mas afinal tu é que dizes não àquilo que me pareces querer conhecer...